quarta-feira, 11 de setembro de 2024

200 ANOS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO RS

 

200 ANOS DA IMIGRAÇAO ALEMÃ NO RS

Tributo aos imigrantes alemães Habekost e Schell :

Este é o lugar, Vale dos Sinos/RS, e essa é uma época importante, 200 anos da imigração alemã para o Brasil, e dois nomes para serem lembrados, Habekost e Schell, meus ancestrais, o primeiro trisavô, o segundo tataravô, vindos diretamente da Alemanha.

. Transporto-me, num esforço sentimental, para aqueles tempos e fico a buscar as fortes razões que moveram tantas pessoas a singrarem o oceano e aportarem em terras inóspitas. Aventura? Fuga das conturbações sociais? Desejo de riqueza? Amores? Que sentimentos moveram os corações dessa corajosa gente? E, após aqui chegarem, internarem-se mais ainda nos matos gaúchos, nas picadas, na solidão? Enfrentando feras, os nativos (índios), sol, chuva, mortes, privações várias. Que espíritos indômitos! Que heróis! Sentado após dois séculos, agora aqui, diante do meu computador, eu fico a imaginar que foram eles que permitiram esse milagre. Johann Habekost, Johann Adam Schell, alemães imigrantes, brasileiros por opção, ancestrais de tantos outros brasileiros que hoje apenas, fracamente, imaginam a sua epopeia. Deles e de suas maravilhosas mulheres eis-nos aqui, centenas de pessoas, a desfrutar das energias que plantaram e cuidaram e impulsionaram. Se trago dentro de mim alguma semente de sonho e de visão do futuro, talvez, lhes devo isto e, lhes rendo o merecido tributo.

 

Percorrendo a história das cidades que eles ajudaram a construir vislumbro a energia dos seus corações de suas mentes determinadas e chego a sentir o suor dos seus corpos na labuta diária, a sua saudade dos entes queridos e deixados além mar. Cada casa construída, cada picada transformada em rua, cada igreja erigida para orar e retemperar suas energias na sua fé, e cada cemitério, construído para prantear seus amados entes que se foram, tudo me transporta a esse passado E neste caldear do passado e do presente estremece o meu ser e eu sem os ter conhecido, os conheço bem. Possa eu, ao menos, transmitir uma mensagem aos meus descendentes, uma mensagem de admiração, de orgulho pelo trabalho dessa gente destemida e, que o culto às suas memórias, nos ensine a entender que, acima de tudo, a família ainda é a esperança para ser o veículo de preservação da harmonia, da paz, do amor entre os homens. Cultuar um passado de trabalho, de dignificantes exemplos, não é viver no passado, é antes de tudo trilhar sobre a estrada do futuro. Olhar o futuro como eles olharam, construir o futuro como eles construíram. Hoje é o amanhã, foi assim que eles pensaram, pensemos pois, assim também!

 

João Habekost, nome que adotou após sua naturalização no Brasil, nasceu em Hamburg na data de 08/06/1830. Chegou ao Brasil por volta de 1850 e serviu no exército brasileiro atuando na guerra contra  Oribe e Rosas. Após sair do exército ganhou terras de sesmarias e depois de vendê-las fixou residência no município de Rio Pardo/RS, mais especificamente na localidade de Arroio das Pedras onde permaneceu até seu falecimento em 28/09/1905, atuando, nesse local, como destacado comerciante e pecuarista. Casou, em primeiras núpcias com Maria Valentina de Paula, na data de 10/8/1853, tendo com ela dois filhos. Maria Valentina morreu aos vinte e oito anos. João Habekost casou-se, em segundas núpcias, com Maria Joanna D'Ávila, na data de 25/06/1876, com quem teve quatro filhos. João Habkost naturalizou-se brasileiro em 31/07/1884, recebendo da Câmara Municipal de Rio Pardo a sua certidão. Os numerosos descendentes de João Habekost e de suas esposas estão espalhados pelos estados brasileiros e muitos deles ainda residem na localidade de Arroio das Pedras e em Rio Pardo. No ano 2000 reuniram-se cerca de 180 descendentes na localidade de Arroio das Pedras onde, num ambiente festivo, confraternizaram. Na localidade de Arroio das Pedras foi edificado, em terreno de propriedade de um dos filhos de João, um colégio de ensino fundamental que existe até hoje sob o nome de “ E.E.E.M João Habekost”, contribuindo dessa forma com a educação local.

 

Mais informações sobre a família Habekost podem ser acessadas no endereço:

www.ivanio.pbworks.com

 

Adão Schell, nome que adotou no Brasil, oriundo de Johann Adam Schell, nasceu na data de 24/06/1809 na aldeia de Bosen, ducado de Oldenberg, principado de Birkenfeld (Alemanha). Chegou a São Leopoldo na data de 18/06/1829, aos vinte anos de idade, fixando residência na localidade de Bom Jardim, hoje município de Ivoti. Em 30/10/1830 casou-se com Anna Christina Hein, de Hildburghausen, Saxonia, ambos eram evangélicos. O novo casal residiu inicialmente na colônia do pai de Anna Christina, situada também em Bom Jardim. Algum tempo depois passou a morar em Rio Pardo e posteriormente em Cachoeira do Sul, onde Adão Schell se estabeleceu com uma oficina de fabrico de carretas. Em busca de matéria prima para suas carretas migrou para o município de Passo Fundo onde se estabeleceu comercialmente. Com sua esposa Anna Christina, foi o primeiro casal estrangeiro a povoar Passo Fundo, onde permaneceram até o fim de suas vidas gerando nove filhos. Já no fim de sua existência, fundou Adão Schell a Loja Maçônica Concórdia III, tendo sido o seu primeiro venerável.

Eis o que escreveu F. Antônio Xavier e Oliveira em sua obra “Anais do Município de Passo Fundo”, sobre o falecimento de Adão Schell:[1]      

“24/08/1878. Falece o venerado ancião Adão Schell, natural da Alemanha e um dos mais antigos moradores da vila, onde, por muitos anos tivera importante casa de comércio.

Chefe de uma das mais numerosas e distintas famílias da localidade, e primando por um caráter ilibado e uma educação severíssima, a sua influência moral foi enorme na evolução social de Passo Fundo, e será sempre recordada como um título de justa benemerência à sua memória.”

Mais informações sobre Adão Schell e seus descendentes pode ser encontrada em

www.ivanio.pbworks.com

 

Descendentes desses dois alemães imigrantes estão espalhados pelo Brasil afora, principalmente nos estados do sul. Seus ancestrais e parentes residem por todo o mundo, concentrando-se notadamente na Alemanha.

 

 

 

 

O autor,

Ivanio Fernandes Habkost

e-mail: oynavy@gmail.com



[1] Johan Adam Schell, Marina Xavier de Oliveira, 1980, Diário Da Manhã Gráfica e Editora/Passo Fundo/RS

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Até breve!

 

 

Até breve!

Como posso te esquecer

Se quando quase estou te esquecendo

Tu me visitas como uma nuvem

Que se dissipa nas lembranças

Reativando as saudades que ainda vivem

Num recanto longínquo do meu coração

Lembras? Foram apenas pingos coloridos

Que pingaram no teu e no meu ser

Efêmeros, tal qual raios que estouram

Assustando as almas desprevenidas

Os quais não secaram ainda e me molham

Nas horas tristes de minha solidão.

Que força têm encontros de almas

Que se querem, que se pertencem

Mas, por conta de desencontro no tempo

Estão tão perto, mas tão longe

Dizendo adeus, até breve

Sabendo que o breve

Pertence a outra existência.