quinta-feira, 23 de abril de 2015

PONTO DE TANGÊNCIA

Quero escrever, hoje, sobre ponto de tangência!.

Venho pensando sobre, há algum tempo.
Ponto de tangência é um conceito matemático em que duas entidades se encostam num determinado ponto de si mesmas.
Pensei em usar esse conceito para algumas situações e, principalmente, no relacionamento do ser com outros seres, do ser com o ambiente, do ser com situações e por aí vai.
Imaginemos que tenhamos dois pedaços de pedra ferro, uma em cada mão. O que acontece se tangenciarmos as duas? Depende, não é mesmo? Até faísca podemos obter e com elas acender um fogo!
Aprofundemos.
Onde os pontos de tangência entre duas pessoas? Muito generalizada essa questão. É preciso um contorno mais específico. Escolhamos: no trabalho? Em casa? No metrô?, no clube, na rua?
Pois, vou lhes descrever um ponto de tangência na rua. Aconteceu comigo. É um fato real. Caminhava eu, na rua Salgado Filho, em Porto Alegre, nas proximidades do viaduto da Santa Casa, quando vislumbrei uma senhora, de cor preta, maltrapilha vindo em direção oposta à minha, na mesma calçada. Compadeci-me dela e dirigi-lhe, mentalmente, uma oração. Ao passar por mim, acreditem, deu-me um tapa no rosto, para espanto dos demais transeuntes!. Ainda procuro uma boa explicação. Como sou espírita tenho cá minha versão.
Na rua tangenciamos com centenas de pessoas. Todas desconhecidas, embora, seres humanos. Já tentou parar alguma e lhe dirigir a palavra? Pense nas consequências...
Pensemos no entorno familiar, em casa. Em que momentos marido e mulher se tangenciam? Sempre surgem restrições para esse ponto, ou esses pontos, serem definidos.
Mas, cada um, a seu tempo, será diferente do anterior como se dá, embora, talvez, sempre no mesmo lugar, na mesa, na cama, na sala, enfim, também, em outros lugares. Situações repletas de contexto.
Ponto de tangência, portanto, serve para olharmos o relacionamento. O relacionamento é uma oportunidade, nunca um problema. O ponto de tangência, no relacionamento, deveria vir carregado de amenidades: Uma flor, um perfume, um abraço, uma palavra não dita, uma palavra bem dita, um pedaço de pão, um olhar, um abraço, um bom dia, um boa noite, boa viagem, te amo, tu és meu amigo.
Mas, somos seres humanos, e muitas vezes, permitimos que o tangenciamento seja uma colisão. E, tal, como na colisão das pedras ferro, surgem faíscas que aqui têm nome: crise.
Toda crise é resistência à mudança, sabemos. Cabe nossa análise e aceitação.
Sempre que nos deparamos com uma entidade, animada ou inanimada, temos uma possibilidade de acontecer um  ponto de tangência. Temos sempre a escolha e ela depende do nosso domínio sobre nossas imperfeições.
Coloquemos as amenidades na frente! Elas irão regular o tangenciamento  não permitindo a colisão. Se não conseguirmos, sejamos, em última instância “como o sândalo que perfuma o machado que o fere”! Roto pensamento que atravessa os tempos, mas que não praticamos ao pé da letra. O mais simples é fugir de uma discussão para que palavras ruins não saiam de nós e rasguem a sensibilidade do outro. Ou que vão se acumulando e minando a relação.
O ponto de tangência é uma sutileza importante.
Na mesa, quando nos reunimos para uma refeição, encontramos um ponto de tangência que, na maioria das vezes, não aproveitamos, A televisão fica ligada, ou o celular toca, enfim engolimos a refeição e o tempo tão proveitoso nesse ponto de tangência, se esvai. Fazemos, mesmo que individualmente e mentalmente, um agradecimento pelo pão que nos alimenta naquele momento? Aproveitamos para perguntar ao outro (s) o que de importante aconteceu? Quais os planos? Usamos de amenidades: Passa o feijão, por favor? A salada está ótima! Como foi o seu dia?
E, no trabalho? Olá pessoal, bom dia! Por favor, vamos para reunião. Chefe, trouxe aqui o que o senhor me pediu, espero que esteja a seu gosto. Obrigado, sente-se, por favor. Hoje é aniversário de nosso colega, cantemos parabéns para ele. São muitas as amenidades que podemos acrescentar ao dia a dia do nosso trabalho, afinal precisamos trabalhar.
Relacionamentos só se constroem com pontos de tangência. E não vivemos sem nos relacionarmos. Hoje em dia os pontos de tangência se modificaram, acontecem mais velozmente, as maneiras se multiplicaram: facebook, e-mail, celular, whatsapp, televisão, e por aí vai. Os relacionamentos se expandiram para o mundo virtual. Novos conceitos, novos comportamentos, novas atitudes se disseminam como o ar. Temos uma visão de mundo e do mundo tão rapidamente que nos perturbamos, nos agitamos, nos estressamos, É um entorno imenso para o qual temos que nos adaptar. Por isso precisamos olhar para o ponto de tangência que se nos apresenta, restringir a abrangência do contexto, e tentarmos atingir esse ponto suavemente, como uma nave que desce e se assenta na base sem solavanco.
Repito: o relacionamento é uma oportunidade, não um problema! O ponto de tangência é o foco!