“MARIDO
INDIGNADO!”
Corre o ano de 2020 - ano da pandemia do "Corona vírus".
Sou marido de uma professora da
rede estadual de ensino, regente de classe do ensino fundamental. Hoje ela
chegou ao auge de seu estresse físico e mental com crise incontida de choro,
quase ao colapso cardíaco. Causa: excessiva exigência do sistema educacional
gaúcho em função do corona vírus.
Vejamos o que acontece:
Em função do Corona vírus houve a
determinação da Secretaria de Educação para que as aulas fossem ministradas via
EAD. Mudança radical de um sistema analógico - aulas presenciais, para um
sistema digital – aulas não presenciais, utilizando as tecnologias disponíveis.
Acontece que nem todas as famílias estão preparadas para essa mudança, pois os
estudantes precisam de celulares e/ou computadores para execução de suas
tarefas. Os professores, não habituados, ao uso constante dessas novas
tecnologias desenvolvem um desgaste físico e mental enorme para desempenar suas
novas funções de professor EAD. No caso de minha esposa, os seus alunos, a
maioria deles, não dispõem de computador, o que acarretou enviar as aulas via
“WhatsApp”, plataforma não adequada para esse tipo de uso. Os alunos deveriam,
portanto, dispor de um celular, o que também se tornou um motivo a mais de
estresse para os pais que não conseguem fornecer mais um celular para o seu
filho ou filhos. O drama familiar aumentou à medida que nem todos os pais estão
em casa o dia todo e precisam, pois, auxiliar seus filhos após um dia estafante
de trabalho. É possível imaginar muitas outras situações familiares similares
que geram inúmeras condições estressantes, compartilhadas pelos professores.
Acresce a essas dificuldades a
exigência da Secretaria de Educação de que os professores, concomitantemente,
com o novo sistema de educação descrito acima, realizem cursos de atualização
“on line”, bem como contribuições na elaboração do “Currículo Referência da
Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul -
Ensino Fundamental e Médio”, também, lógico, via “on ljne”. Novos
desgastes físicos e emocionais por parte dos professores, pois haja tempo e
condições para ler um “catatal” de referenciais teóricos, alguns ou muitos com
mais de 500 páginas, tudo com prazos especificados e utilizando um sistema
informático instável e com muitos “Bugs”. Para entender, mais ou menos, o que
significa essa contribuição na elaboração do currículo, uma professora regente
de classe, como é o caso de minha esposa, deve contribuir em cada disciplina da
classe que rege, isto significa refazer todo o referencial do currículo em
forma de um plano, aos moldes do Referencial Curricular Gaúcho. Isto é,
praticamente, repetir o que foi feito por uma equipe inteira, nesse
referencial.
Minha esposa troca ideias e
ânsias com suas colegas e, pasmem todas elas estão em estado de estresse
lamentável, algumas com psiquiatra, outras utilizando remédios para dormir e
para os nervos, mesmo assim, chegam ao estado que minha esposa chegou. Suas
colegas, lhe ligam chorando, relatando os fatos de estresse familiar e pedindo
ajuda para realizarem suas tarefas. Minha esposa tem a mim para ajudar, pois
sou aposentado, e tenho tempo para auxiliá-la, mas me escapam conhecimentos
referentes e também tenho que pesquisar e estudar.
Além de tudo isso, num momento,
de quarentena, têm os professores conviver com achatamentos salariais propostos
por leis estaduais, com perdas de, por exemplo, auxílio de difícil acesso e,
por estarem em casa, perdem os auxílios de transporte. Nem, falemos, dos
atrasos nos pagamentos.
Existem muito mais coisas dignas
de serem incluídas aqui, mas já me alonguei demais.
Sou um marido indignado com a
política educacional, com a falta de humanidade, de fraternidade, de
espiritualidade, daqueles que formulam essas políticas e covardemente massacram
a classe dos professores e, não tem a mínima coragem de elaborarem uma política
de Estado e não de Governo.
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