ALMOÇO
INSANO
Dentre tantos
eventos inesperados em minha vida, nunca esqueci e, talvez, nunca esquecerei,
pois, dependendo da ocasião, principalmente em condições que se aproximam dele,
eu o recordo. Ainda eu era um jovem exercendo minha profissão de engenheiro,
viajei para a cidade de São Paulo para realizar uma tarefa. Era a primeira vez
que chegava a esta megalópole, me
recordo que eu fiquei impressionado com a grandeza da cidade, carros indo e
vindo sem parar as vinte e quatro horas
por dia. Edifícios altíssimos, pessoas circulando, enchendo as calçadas e
praças. Comparava tudo com a cidade em que eu vivia na ocasião, a pequena
cidade de São Leopoldo e até, com a capital, Porto Alegre. Era uma distância
muito grande. Hoje, com o desenvolvimento e interação que promovem as redes
sociais, já não estranhamos quando viajamos para uma cidade maior do Brasil.
Estava eu, então, em São Paulo, mais precisamente ao redor da praça da
República, hospedado em um hotel, resolvi sair para almoçar em um restaurante na
avenida Ipiranga, nas proximidades do hotel. Estava sozinho, pois ninguém me
acompanhou nessa viagem. O restaurante era de bom aspecto, pouca gente é
verdade. O garçom me trouxe o cardápio e após examiná-lo pedi um bife à
parmegiana, uma das refeições de minha preferência. Veio um belo bife com uma
generosa camada de queijo e eu comecei a degustar. Mastiguei a primeira
garfada, sentindo o sabor da carne e do queijo, temperados adequadamente. Mais
uma garfada, mais satisfação e ia prazerosamente comendo aquele conjunto saboroso.
Aí ocorreu o inesperado. Lá pelo quarto ou quinto corte percebi algo que tinha
uma coloração diferente do conjunto. Engoli o que tinha já mastigado, parei e
com cuidado comecei a examinar, fui afastando com esmero e cuidado o queijo da
carne, afastava, com a faca, o queijo da carne enquanto a segurava com o garfo
e a coisa foi aparecendo, foi crescendo e se desenhando na frente dos meus
olhos perscrutadores e já apavorados. Eis que de repente ali estava, metida
entre o queijo e a carne. uma barata inteira. Mas não uma barata pequena e,
sim, imaginem uma “senhora” barata. Parei, enojado, a minha refeição. Analisei
um pouco mais e vi que a barata estava inteira o que me aliviou um pouco o
estômago, não tinha comido parte do nojento inseto. Fiquei estático, pensando
no que faria. Aos poucos fui me recompondo, segurando qualquer ânsia de vômito
que pudesse aparecer, respirei fundo, larguei os talheres e, quando estava mais
calmo, chamei o garçom. Mostrei a ele o conjunto bife mais a barata. Bom, o
homem ficou sem palavras, sem saber o que fazer, levou o prato e voltou
insistindo que eu aceitasse um novo bife, sem custo. Agradeci e apesar da
insistência do garçom, levantei-me e sai com a imagem daquela barata no meu
bife a qual, infelizmente, persiste até hoje, apesar do longo tempo passado.
Nunca mais comi bife à parmegiana e claro nunca comi uma barata, nem aquela
infiltrada no meu bife. Triste e nojenta lembrança de um restaurante da
fervilhante capital do estado mais pujante do Brasil. Retornei muitas vezes à
capital paulista e aconteceram outros eventos interessantes, mas nenhum que me
revoltasse o estômago, como esse.. Agora, quero que os leitores degustem,
comigo, esse bife parmeggiano!

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