sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Almoço Insano

 

                                    ALMOÇO INSANO

 

Dentre tantos eventos inesperados em minha vida, nunca esqueci e, talvez, nunca esquecerei, pois, dependendo da ocasião, principalmente em condições que se aproximam dele, eu o recordo. Ainda eu era um jovem exercendo minha profissão de engenheiro, viajei para a cidade de São Paulo para realizar uma tarefa. Era a primeira vez que chegava a esta megalópole,  me recordo que eu fiquei impressionado com a grandeza da cidade, carros indo e vindo sem parar  as vinte e quatro horas por dia. Edifícios altíssimos, pessoas circulando, enchendo as calçadas e praças. Comparava tudo com a cidade em que eu vivia na ocasião, a pequena cidade de São Leopoldo e até, com a capital, Porto Alegre. Era uma distância muito grande. Hoje, com o desenvolvimento e interação que promovem as redes sociais, já não estranhamos quando viajamos para uma cidade maior do Brasil. Estava eu, então, em São Paulo, mais precisamente ao redor da praça da República, hospedado em um hotel, resolvi sair para almoçar em um restaurante na avenida Ipiranga, nas proximidades do hotel. Estava sozinho, pois ninguém me acompanhou nessa viagem. O restaurante era de bom aspecto, pouca gente é verdade. O garçom me trouxe o cardápio e após examiná-lo pedi um bife à parmegiana, uma das refeições de minha preferência. Veio um belo bife com uma generosa camada de queijo e eu comecei a degustar. Mastiguei a primeira garfada, sentindo o sabor da carne e do queijo, temperados adequadamente. Mais uma garfada, mais satisfação e ia prazerosamente comendo aquele conjunto saboroso. Aí ocorreu o inesperado. Lá pelo quarto ou quinto corte percebi algo que tinha uma coloração diferente do conjunto. Engoli o que tinha já mastigado, parei e com cuidado comecei a examinar, fui afastando com esmero e cuidado o queijo da carne, afastava, com a faca, o queijo da carne enquanto a segurava com o garfo e a coisa foi aparecendo, foi crescendo e se desenhando na frente dos meus olhos perscrutadores e já apavorados. Eis que de repente ali estava, metida entre o queijo e a carne. uma barata inteira. Mas não uma barata pequena e, sim, imaginem uma “senhora” barata. Parei, enojado, a minha refeição. Analisei um pouco mais e vi que a barata estava inteira o que me aliviou um pouco o estômago, não tinha comido parte do nojento inseto. Fiquei estático, pensando no que faria. Aos poucos fui me recompondo, segurando qualquer ânsia de vômito que pudesse aparecer, respirei fundo, larguei os talheres e, quando estava mais calmo, chamei o garçom. Mostrei a ele o conjunto bife mais a barata. Bom, o homem ficou sem palavras, sem saber o que fazer, levou o prato e voltou insistindo que eu aceitasse um novo bife, sem custo. Agradeci e apesar da insistência do garçom, levantei-me e sai com a imagem daquela barata no meu bife a qual, infelizmente, persiste até hoje, apesar do longo tempo passado. Nunca mais comi bife à parmegiana e claro nunca comi uma barata, nem aquela infiltrada no meu bife. Triste e nojenta lembrança de um restaurante da fervilhante capital do estado mais pujante do Brasil. Retornei muitas vezes à capital paulista e aconteceram outros eventos interessantes, mas nenhum que me revoltasse o estômago, como esse.. Agora, quero que os leitores degustem, comigo, esse bife parmeggiano!

Nenhum comentário: