No
início do mês de maio de 2024 ocorreu uma enchente nunca vista no estado do Rio
Grande do Sul, ocasionando a maior tragédia de todos os tempos com mais de 157 mortes, centenas de feridos, a maior parte dos municípios foram atingidos, 464 de 497 foram atingidos, afetando 2,3 milhões de pessoas , milhares
de desabrigados, casas totalmente destruídas, bens materiais que compunham o
interno dos lares totalmente perdidos. Os níveis dos rios superaram todas as
marcas de segurança e invadiram as bairros das cidades ribeirinhas, como se
pode ver pelo gráfico acima que mostra os rios que compõem a bacia hidrográfica
do lago Guaíba, receptáculo de todas as águas que descem da serra e se dirigem
para o mar e, devido a isso, a capital Porto Alegre, em suas regiões mais
baixas ficou totalmente alagada. Ocorreram deslizamento de encostas, bloqueando
estradas, destruindo tudo que aparecia pela frente, pontes, casas, estradas,
tragédia impressionante. Os municípios da grande Porto Alegre, tais como Canoas,
São Leopoldo, Novo Hamburgo, foram severamente atingidos. Os municípios vizinho
de São Leopoldo e Novo Hamburgo ficaram incomunicáveis por terra, pois o Rio
dos Sinos transbordou e impediu que as pontes, três pontes que interligam as
duas cidades, fossem interditadas. Diques foram rompidos pelas águas agravando
ainda mais a região. O aeroporto de Porto Alegre ficou totalmente debaixo de
água, impedindo voos que interligam esta capital ao Brasil e ao mundo. Viagens
foram canceladas sem previsão de retorno. As regiões do Vale do rio Taquari
foram assoladas de tal maneira que muitas cidades foram varridas do mapa,
viam-se casas inteiras sendo arrancadas e arrastadas pelo furor das águas
barrentas, árvores indo rio abaixo, animais lutando desesperadamente para
sobreviver em nado aterrador, cachorros, porcos, gado, centenas morrendo
sufocados pelo cansaço e dor, corpo submerso, só a cabeça de fora, implorando,
com olhos esbugalhados de pavor, um salvamento. Um cavalo tornou-se o símbolo
da resistência e esperança ao ficar vários dias e noites sobre um telhado de
casa submersa, sem se mover, sem água, sem ração, solitário na sua luta pela
vida, até que foi heroicamente resgatado. Esse cavalo, o Caramelo, nome que
recebeu por sua cor, passará para a história como símbolo da resiliência do
povo gaúcho. E o povo foi solidário, numa corrente impressionante de
solidariedade e fraternidade foram surgindo os heróis que, sem medir esforços,
se lançaram ao salvamento de pessoas e animais em suas botes particulares, no
seu esforço pessoal, numa doação nunca antes vista. Abrigos foram montados às
pressas para acolher os flagelados, cozinhas foram montadas tempestivamente
para alcançar um pouco de comida e alimento a quem desesperado clamava por auxílio.
Chamamentos ecoavam pelas redes sociais para que voluntários se apresentassem
para ajudar. Observava-se um ir e vir de barcos trazendo para as partes secas
que ainda restavam, os magotes de pessoas, molhadas, com frio no corpo e na
alma por terem perdido tudo. A busca por sobreviventes era frenética, os
voluntários seguiam para pontos remotos onde antes havia casas e agora só
águas, na busca de algum telhado que guardasse pessoas ou animais. De muitos,
centenas de telhados, foram resgatado pessoas e cachorros. Os voluntários não
se permitiam trégua, organizados qual um exército em batalha, dividiam as funções,
colocavam ordem nos locais de acolhimento, serviam refeições, distribuíam agasalhos,
improvisavam camas, distraiam as crianças, consolavam idosos, distribuíam
atenção e amor aos corações flagelados, faziam os primeiros socorros aos
feridos. O Brasil inteiro se mobilizou e se solidarizou com a tragédia que se
abatia sobre o povo heroico do Rio Grande do Sul que tem uma história imensurável
na guarnição das fronteiras sulinas desse imenso e grandioso país que todos
amamos. Enquanto os rio arrastavam as coisas do Rio Grande, rios de
solidariedade acolhiam o povo gaúcho, traumatizado e perplexo diante do furor
de uma natureza que sempre o acolheu e lhe deu o que comer, no que viver,
permitindo que sua terra lhe desse o fomento necessário para o cultivo de tudo
o que é necessário para a sua subsistência, além de lhe dar condições de forjar
uma tradição de lutas, de caráter, de brio, e criar um modo sui generis de
vida, onde se observa, por exemplo, a cuia com chimarrão, o fogo aceso nas
fazendas que nunca se apaga, o amansar o chucro cavalo, o lutar e brigar por
seus direitos, impedindo a exploração das elites, tal como foi feito na
Revolução Farroupilha. Muito se ouviu , agora, nesses tempos bicudos, o hino
Rio grandense, onde se ouve versos, que refletem o caráter desse povo- “sirvam
nossas façanhas de modelo à toda a Terra” – povo rico de façanhas para onde
quer que se olhe. Dois campeões mundiais de futebol, Grêmio e Inter, refletem
um tipo de façanha que muito orgulha parcela da sociedade que se dedica ao
esporte. É povo unido e forte que irá reconstruir essa valorosa terra. Amamos a
natureza que tudo nos dá, num momento e, noutro, quase tudo nos tira, mas vamos
refletir com mais atenção e tentar compreender que na natureza nada se cria,
nada se perde, tudo se transforma, como bem afirmou Lavoisier. Vamos prestar
bem atenção o que dizem as pessoas, filtrar e separar o joio do trigo, pois é
nesses momentos que a erva daninha aparece, principalmente disfarçados em
conhecimento e cultura, tentando fincar estacas de conceitos ideológicos. Ouvi
um professor que quer se tornar famoso, e já é conhecido por muitos, colocar
toda a culpa no “AGRO”. É do mesmo time que combate a tecnologia e a usa, que
combate a poluição, mas usa o seu carro, que combate a soja, mas tem na sua
cozinha o óleo que usa para condimentar os seus alimentos, fritar o seu bife,
regar a sua salada. Hipocrisia pura.
O Rio Grande do Sul vai sair
dessa mais forte e unido e o Brasil também!
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