Este meu velho blog vai sentir
por me ver escrever tantas ideias que aportam em minha envelhecida mente.
“Anno Domini, 2022”, escrito em
3/11/2022 que precede este artigo, constituirá uma das partes das minhas
memórias.
1ª PARTE ( 27/12/2022 )
Atravessei inúmeras dificuldades,
nas quais quase naufraguei. As primeiras, ainda, sem noção ou poder de análise,
mas com muita dor no coração, melhor aperto. Um aperto muito forte da saudade
infantil dos pais que ficaram longe, das águas do rio , das matas ribeirinhas,
dos amigos, das amigas. dos animais, dos pássaros, dos frutos silvestres, do
barro da chuva, do pão feito em casa, enfim da convivência sem armadilhas, da
paz sem compromissos. Era a infância feliz, embora sem presentes materiais.
Hoje eu entendo a diferença. Muito longe ainda, o amor dos avós e dos tios e
tias, tenra infância saudosa, praticamente no chão da terra. As vacas, as
galinhas, os cavalos, os cães. Até os cães pareciam diferentes e gigantes. O
mato virgem, os riachos gelados, o cheiro da cardamomo. O orvalho, bem cedinho,
matando a sede das folhas. O meu coração estava cheio dessas belezas da natureza
quando parti e deixei tudo para inundar a saudade. Uma troca terrível, matas
por prédios, animais por gentes, terra por asfalto, rios por chuveiros. Moldava
a duras penas um ser que eu desconheceria, fustigado por regras, etiquetas,
estudo, muito estudo. Um novo tipo de convivência que eu tateava à procura de
uma realização que não sabia bem o que seria. Foi crescendo um vácuo dentro de
mim que não conseguia preencher. Oásis na juventude permitiram seguir em frente
– Grupo da Amizade – jovens reunidos em busca de convivência sadia, não havia
drogas, nem álcool. Época de ansiedades, de insatisfações, de buscas. Enfim,
nesse grupo, conheço a pessoa que viverá comigo por quarenta anos. Cedo, esse
compromisso, porém. Havia muito a construir, muito a usufruir, mas segui em
frente. Com muito esforço, consegui superar o obstáculo do vestibular. Era
imperioso que fizesse uma faculdade. Aqui uma encruzilhada. Eu queria o
Jornalismo, passei no Vestibular da PUC, mas ao mesmo tempo, passei também, no
vestibular da Engenharia Química, este na cidade de Rio Grande. O que fazer?
Ponderei a situação sozinho. Jornalismo seria pago, Engenharia, com bolsa. Não
houve escolha, apenas imposição das finanças. Segui para Rio Grande. Uma era de
muitas lutas, poucos recursos materiais, no início recebia uma bolsa de estudos,
depois consegui trabalho no Centro de Pesquisas Oceanográficas e já, no fim da
faculdade, como professor de química no Colégio dos Irmãos Maristas. Resolvi,
num gesto pusilânime, casar. Hoje vejo que não era tempo. Veio o primeiro filho.
A luta se agigantava. Era um roldão de destino misturado com decisões
apressadas. Talvez, por essas razões, seguramente por elas, levei um ano a mais
para concluir a faculdade, o que até hoje sinto, porque o convívio a posteriori
com os colegas com os quais convivi e criei fortes vínculos de afetividade, me
foi negado por esta circunstância, mas apesar disso a amizade não esmoreceu e
continuo sendo lembrado e mesmo comunicando-me, via whats e também esporádicas
visitas dos mais chegados. Também, é claro, tenho encontros com os colegas que
se formaram comigo e os mais saudáveis foram ao completarmos 10 anos e 50 anos
de formado. Muitos dos colegas já se foram para os celestes campos, e quase
todo o ano um parte, por isso preciso apressar - de novo o apressar!, para
concluir essas minhas lembranças. Essa era de Rio Grande irá constituir a 2ª
PARTE, pois acho importante salientar alguns episódios que ajudaram a forjar o
meu caráter. Até lá!