quinta-feira, 3 de abril de 2014

Trazendo recordações-Janelas para o passado



Sob os auspícios da saudade, um sentimento que nos conforta e nos coloca num estado de espírito surreal, um tanto inexplicável, lembrava-me, muitas vezes, de três filmes que fizeram parte de minha juventude, um pouco tardia, por razões da vida, são eles: Doutor Jivago, A Ponte do Rio Kwai e Assim Caminha a Humanidade. Todos os três intensos e de histórias magníficas, ainda mais para corações sonhadores, onde me incluía e quem sabe, embora a idade, me inclua ainda, pois sonhar é um privilegio dos corações errantes. Tanto era o desejo de rever esses filmes que fui para a Internet pesquisar e eis que comigo se encontram. Revi os três filmes e as mesmas emoções afloraram em mim, claro que mais calmas, mais meditativas. Quando vi “Doutor Jivago”, fiquei tão impressionado que deixei crescer um bigode igual ao dele, e assobiava o tema de Lara nos momentos de nostalgia. “Tema de Lara” que belíssima música, ainda me emociono quando a ouço. Agora mesmo, enquanto escrevo, os seus acordes soam em minh’alma. Revendo “Doutor Jivago”, revejo a mim mesmo, passa um filme daquele tempo de transformações sociais em que a humanidade se debatia, mas o amor entre dois seres apaixonados superava tudo. “Doutor Jivago” vai me acompanhar para sempre.

“Assim Caminha a Humanidade”, filme estrelado por Elisabeth Taylor e Rock Hudson, como protagonistas principais, e o jovem James Dean que mais tarde estrelaria “Juventude Transviada”,que deu inicio a uma metamorfose que grassou no seio da juventude da época. Também um belo filme. Mas, “Assim Caminha a Humanidade”, foi a história que já naquela época trabalhou o tema do racismo, ainda hoje tão em voga, infelizmente. Infelizmente, atravessei todo esse tempo de minha vida assistindo bestiais intolerâncias entre seres humanos. Este filme, traz-me a recordação, também, de outro tema bem atual, a luta da mulher contra a incompreensão masculina. Ainda o amor venceria todos esses preconceitos. Quão lentos somos nós, humanidade, nos caminhos da evolução moral. E o título do filme é ainda bem atual:e assim caminha a humanidade e assim caminhamos.
“A Ponte do Rio Kwai”, com William Holden e Alec Guineness, grandes atores, inesquecíveis atores. Este filme foi o primeiro que vi com minha namorada, futura esposa. Aprendi muito com a história, altivez, coragem, persistência, e sobretudo solidariedade e algo difícil de entender, nos dias de hoje, negociação para a sobrevivência de um ideal contra um realismo frio e cruel.
Como não ser feliz quando tendo o privilegio de ter vivido e vivenciado momentos tão preciosos. É preciso, por vezes, abrir janelas e deixar o passado penetrar para revigorar nossas energias. Não se trata de viver no passado e sim trazer recordações de momentos que não voltarão jamais, e que ajudaram a construir nossa vida. Recordar emoções que moldaram o nosso coração, ensinamentos que ajudaram a moldar o nosso caráter. Aprendia-se em casa, no cinema, na escola, com a música, com os filmes, com os amigos, o respeito, a fé, o amor. Não havia tanta desconstrução de valores, como hoje. Por isso janelas para o passado distante arejam nossos sentimentos, recarregam nossas energias e nos ensinam que o nosso futuro é uma integração do passado com o presente.

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